Segunda a Sábado de 9:00h às 17:00
Gratuita
1 hora
Não
Religião: Católica

Em 1629 foi erguida, por Antônio Gomes do Desterro, uma ermida em louvor a Nossa Senhora do Desterro dando o primeiro nome ao morro: Morro do Desterro.

As Irmãs Jacinta e Francisca Rodrigues Ayres, em um dia que subiam ao Morro do Desterro para assistir aos atos religiosos celebrados pelos capuchos chamou-lhes a atenção, um terreno semi-abandonado da Chácara da Bica, no Caminho do Matacavalo (hoje Rua Riachuelo), e, com a ajuda de seu tio, compraram e nesta chácara instalaram um retiro e uma Capela ao Menino Deus. Ali as duas irmãs começaram viver na solidão e no silêncio, entregando-se à penitência e consagrando-se suas almas a Deus. Elas foram as duas flores precursoras do Carmelo no Brasil.

Passaram-se os anos e mais moças se juntaram ao retiro. Após a prematura morte de Francisca aos 30 anos em 1748, Jacinta e as demais moças que viviam em enorme pobreza e humildade na Capela, já não tinham espaço para realizar com zelo suas virtudes religiosas.

Foram auxiliadas pelo Governador Gomes Freire de Andrade, Conde Bobadela, e pelo Bispo Dom Antônio do Desterro, na construção de um convento, cuja pedra fundamental foi lançada em 1750, na ermida do Desterro. O projeto do Convento foi de autoria do Brigadeiro José Fernandes Alpoim (1700 - 1765) um dos principais nomes da arquitetura do século XVIII no Brasil colonial, autor de outros projetos como o Aqueduto da Carioca, a Casa dos Governadores, atual Paço Imperial e o claustro do Mosteiro de São Bento.

No ano seguinte, as irmãs e outras religiosas se transferiram para o Convento, sob a Regra Monástica de Santa Teresa. A Regra Monástica das Teresianas só veio a ser professada canonicamente pelas Irmãs em 1781.

A Ordem é contemplatica e ascética, suas religiosas vivem isoladas, com poucos contatos com o mundo exterior, só recebem apenas duas visitais mensais e mesmo assim separadas por grades. Comida, remédios e demais itens necessários são passados por uma grande roda de madeira sem contato visual. Tais princípios definiram o espaço arquitetônico do Convento e da Igreja, que preservam o isolamento das Irmãs, inclusive nas Missas onde elas participam atrás de grades.

A Capela pode ser visitada, assim como a portaria externa.

Os jardins do pátio onde estão o Convento e a Igreja possuem muitas roseiras que fazem lembrar as palavras de Santa Teresa do Menino Jesus, santa Carmelita do século XIX.

O Convento acabou por dar o nome atual do bairro onde se encontra (fonte: placa indicativa da Prefeitura do Rio sobre o Convento e capeladomeninodeus.blogspot.com.br).

Missas:

  • Domingo: 8:00h
  • Segunda-feira a Sábado: 7:00h

Curiosidade: Um dos maiores e mais conhecidos blocos de carnaval de rua do Rio chama-se Bloco das Carmelitas e foi criado em 1990. Segundo os criadores do bloco o nome surgiu de uma estória fantasiosa de uma freira que fugiu do convento na Sexta-Feira para pular o Carnaval e voltou só na Terça-Feira antes do término para não ser pega. Não por acaso o bloco sai as ruas todas as Sextas e Terças de Carnaval.

pontos positivos
  • A recepção de sinal para celulares é razoável
  • Banheiros
  • Bancos, cadeiras ou locais para descanso
  • O Convento está localizado próximo a região de hotéis, hostels, pousadas e acomodações em geral
  • A segurança no interior do Convento geralmente é boa
  • Do convento se tem uma a bela vista da Catedral Metropolitana e dos Arcos da Lapa, e antes da Selva de Pedra carioca, podia-se avistar o mar que chegava próximo aos Arcos
  • Fácil acesso com a utilização de transporte público

pontos negativos
  • Não possui acessibilidade para pessoas com dificuldade de locomoção e cadeirantes
  • Não possui bicicletário
  • Próximo ao Convento não existem ciclovias e/ou faixas compartilhadas, o que não impossibilita mas dificulta a visita para ciclistas
  • Não possui estações para aluguel de bikes nas proximidades
  • Não existem opções de quiosques, lanchonetes ou restaurantes no entorno do Convento
  • Próximo ao Convento não existe nenhuma opção de comércio (farmácias, lojas, mercados, etc)
  • A segurança até o acesso ao Convento requer atenção - Por estar localizado bem próximo ao centro da cidade, que sofre, principalmente, com a ação de menores infratores e moradores de rua, é aconselhável ter atenção e evitar portar objetos de valor, ou que possam chamar atenção, e muito dinheiro
  • Não possui telefone público
  • Não existem opções de Caixas Eletrônicos e Bancos no entorno do Convento

restrições
  • Não é permitida a entrada de animais domésticos

o que fazer
  • Conhecer o Convento de Santa Teresa, conhecido também como Convento das Carmelitas que data de 1750 e que deu nome ao bairro de Santa Teresa
  • Assistir a missas da Igreja de Santa Teresa

onde estacionar

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como chegar

história e mais informações

Jacinta e Francisca na Chácara da Bica

Corria o ano de 1742 quando as irmãs Jacinta e Francisca voltavam da missa na Ermida de Nossa Senhora do Desterro, onde habitavam religiosos capuchinhos italianos. Elas, passando pelo caminho do Matacavalos que tinha esse nome, pois muitos dos cavalos que por lá passavam ficavam atolados e quebravam as patas tendo que ser sacrificados, avistaram uma antiga Chácara que se chamava Chácara da Bica. Tal chácara estava abandonada e em ruínas, mas algo atraiu Jacinta para aquele lugar.

Jacinta então pediu ao seu tio materno Manoel Pereira Ramos, que comprasse essa chácara do então proprietário Tenente Coronel Domingos Rodrigues Távora.

No dia seguinte ao dia 25 de março do mesmo ano, Jacinta voltando da Missa na ermida de Nossa Senhora do Desterro com seu irmão, o Padre José Gonçalves, entro na Chácara na Matacavalos carregando consigo apenas a imagem do Menino Deus que possuía. Com o auxílio do Padre José Gonçalves, improvisou junto a parede um altar provisório ornado com flores e ervas odoríferas que ela mesma foi colher perto de uma fonte havia no quintal da chácara. Foi aos pés deste altar que Jacinta sussurrou suas primeiras orações no novo retiro.

Jacinta então pediu ao Padre José Gonçalves que fosse convidar sua irmã Francisca para viver junto dela naquele retiro que ela mesma preparara. Para sua surpresa, no dia seguinte já estava Francisca ao lado de Jacinta no retiro. Ali as duas irmãs começaram viver na solidão e no silêncio, entregando-se à penitência e consagrando-se suas almas a Deus. A partir daquele momento, as irmãs largaram tudo e passaram a se chamar Jacinta de São José e Francisca de Jesus Maria.

A casa em ruínas da Chácara da Bica tinha se tornado o mais vivo interesse de veneração dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, pois nela se asilavam as duas flores precursoras do Carmelo no Brasil: Jacinta e Francisca.

Ninguém as via com exceção do Padre José Gonçalves e do confessor que as dirigiam, porém sempre ouvia-se a voz delas entoando cantos e rezando o ofício de Nossa Senhora.

Jacinta e Francisca na Chácara da Bica

Depois de terminadas algumas obras para tornar a chácara mais habitável, Jacinta decidiu erguer uma Capela dedicada ao Menino Deus, mas aguardava a autorização do Bispo. Em 03 de abril de 1742, o Bispo D. Frei João da Cruz concedeu tal autorização. Como não tinha dinheiro, vendeu o par de brincos que tinha e com o dinheiro da venda começou a obra para erguer a Capela tão sonhada. Além disso, o Governador Gomes Freire de Andrade vendo a dedicação e o empenho de Jacinta e Francisca na construção da Capela, concedeu a elas uma quantia mensal para ajudar na obra e demais necessidades das irmãs.

De dia os operários trabalhavam incansavelmente para levantar a Capela e a noite viam-se vultos brancos sob a luz do luar de duas mulheres carregando pesadas pedras para junto das paredes que eram erguidas. Não demorou muito para a Capela ser erguida completamente.

Em 31 de dezembro de 1743, dia de São Silvestre, o Cônego Doutoral Henrique Moreira de Carvalho, com a autorização do Bispo, benzeu a nova Capela do Menino Deus e no dia seguinte, 01 de janeiro de 1744 foi celebrada a primeira missa na Capela pelo Frei Manoel Francisco tendo a presença de Jacinta e Francisca trajadas com capas e saias pardas e véus pretos para receber a sagrada comunhão.

Do lado do Evangelho, sobre o presbitério da Capela, Jacinta colocou uma porta com uma pequena abertura para servir de confessionário.

Não tardou muito para que outras mulheres fossem ao encontro de Jacinta e Francisca querendo viver naquela tão humilde retiro. Foram elas: Rosa de Jesus Maria, Ana de Santo Agostinho, Maria de Santa Teresa e Ana de Jesus.

Por duas vezes o Bispo D. João da Cruz visitou Jacinta e Francisca na Capela e ele demonstrava muito apreço pelas irmãs. Por tudo isso, ele ofereceu uma imagem de Nossa Senhora do Carmo e uma outra de São João da Cruz que hoje encontram-se no Convento de Santa Teresa.

A morte de Francisca

Em conseqüência da vida que Francisca levava de excessivo trabalho e das austeridades que a abraçava, ela foi atacada por uma tuberculose pulmonar. Antes de morrer ainda teve a alegria de ver ordenado seu irmão Sebastião e José Gonçalves. Mesmo perto da morte, Francisca guardava um semblante alegre e sereno. Em seus últimos suspiros, Francisca sussurrava a frase “Ai meu Deus!”. E na manhã do dia 13 de junho de 1748 quando tinha por volta de 30 anos de idade, Francisca respirou pela última vez.

Padre Antonio Nunes, seu confessou assim a descreveu: “Francisca era muito pura de consciência, de coração singelo, um espírito liberto e acatado, muito alegre e mortificada, sem afetações, sem fingimentos, nem beatices exteriores. Uma mulher muito sofredora, pacífica e humilde. Sem apego, muito pronta a voz da obediência sem a menor dificuldade, muito compadecida, muito caritativa e dada a orações com muita solidez nos exercícios dela, sendo igualmente trabalhadora”.

Jacinta, sua irmã, tinha o desejo que seu corpo fosse enterrado no terreno da Capela do Menino Deus. E assim foi feito.

Jacinta e suas companheiras de mudam para o Convento de Santa Teresa e a Capela do Menino Deus fica abandonada

Depois da morte de Francisca, chegaram mais moças para se juntar com Francisca e as demais que lá já estavam: Foram estas Inácia Catalina de Jesus, Isabel do Sacramento, Felipa de Santa Teresa, Maria da Encarnação, irmã do bispo de Coimbra, D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho; Ana do Sacramento, Ana de S. Francisco, Maria da Conceição, Maria do Calvário e Antônia de Jesus.

Tempos depois, em uma visita do então Bispo D. Frei Antonio do Desterro e do Governador Gomes Freire de Andrade na Capela do Menino Deus, presenciaram a enorme pobreza e humildade que viviam Jacinta e suas companheiras de retiro e desde então cuidaram em construir e fundar um Convento maior para que elas exercessem sua vocação, concedendo o prelado do uso do hábito de estamenha parda com capas de beata branca por causa do clima quente do Brasil.

Nessa época, a Capela contava com mais de dez mulheres perseverantes que celebravam os exercícios da religião como as festas de Natal e de Santa Teresa e com matinas que tinham a presença do Governador Gomes Freire.

Como o espaço já estava pequeno para Jacinta e suas companheiras realizarem com mais zelo suas virtudes religiosas, o Governador Gomes Freire se comprometeu em erguer um convento maior para elas.

Em 24 de junho de 1750 foi começada a construção do novo Convento que seria dedicado a Santa Teresa com a presença do Bispo, do Governador, do Senado da Câmara, de Jacinta e suas companheiras.

Um ano após o início da construção, em 1751, Jacinta e suas companheiras participaram e comungaram pela última vez na Capela do Menino Deus, pois logo em seguida foram para o novo Convento de Santa Teresa no então Morro do Desterro.

A partir daí ficou abandonada a Capelinha do Menino Deus., que na época ficava no caminho entre as Ruas dos Inválidos e do Lavradio. Via-se na frente da Capela um portão, que abria para um pátio e que passava por uma varanda até chegar na Capela. No seu interior via-se um único altar com a imagem do Menino Deus e no presbitério viam-se duas janelas de madeira que fechavam as antigas tribunas, aonde Jacinta e suas companheiras vinham orar.

A morte de Jacinta

Em 02 de outubro de 1768 morria Jacinta que teve seu corpo sepultado no Convento de Santa Teresa bem ao lado do túmulo do Governador Gomes Freire que morrera três anos antes. Jacinta nunca foi uma Carmelita descalça, porém foi a fundadora do Carmelo Brasileiro. Por causa de sua morte, Jacinta não viu seu sonho realizado de que ela e suas companheiras obtivessem o direito de usar seus hábitos sob a Regra de Santa Teresa. Tal direito só foi concedido a elas em 16 de junho de 1780 quando elas enfim receberam o direito da clausura canônica.

Em 23 de janeiro de 1781, as primeiras freiras professas de Santa Teresa receberam seus véus no Rio de Janeiro.

O Bispo nomeou priora do Convento a Madre Maria da Encarnação, que substituiu Jacinta após sua morte, e que viveu até 12 de novembro de 1834.

Depois disso, o próprio povo deu ao Outeiro do Desterro o nome de Morro de Santa Teresa. A água do mar ia até o pé do morro. Tal morro expandiu-se com os anos e hoje é um enorme bairro que leva o nome da santa das carmelitas: Bairro de Santa Teresa.

o que fazer depois