A área de Grumari, o trecho que vem logo após a Prainha, também faz parte de área protegida, pelo município e pelo estado.
Pelo município o local que engloba da Praia de Abricó, de Grumari e as praias selvagens Inferno, Funda, Meio, Perigoso e Búzios, foi constituído oficialmente Área de Proteção Ambiental (APA) em 1986. Quinze anos depois, em 2001, o Decreto Municipal 20.149 transformou a APA em Parque Natural Municipal que abriga um dos últimos redutos do ecossistema de restinga da cidade do Rio de Janeiro. A diferença básica entre uma APA e um Parque é que APAs toleram um certo grau de ocupação humana como populações tradicionais e os parques são de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas.
Pelo estado o local faz parte do Parque Estadual da Pedra Branca, que engloba toda essa área e mais outras áreas de 17 bairros, ocupando cerca de 10% do território total da cidade do Rio.
Diferente do Parque Natural Municipal da Prainha onde realmente houve desapropriação e transferências de áreas particulares para o município, Grumari ainda permanece com as residências dos moradores que já estavam lá quando se constituiu a APA, desde que não surgissem novas construções, e não houve a devida desapropriação quando se constituiu Parque Municipal. O resultado é a constante ocupação irregular que ocorre por falta de fiscalização dos órgãos municipais.
O Parque não possui uma sede ou centro de visitantes em seu interior. Existe a residência oficial do gestor do parque que fica em frente a praia, uma das poucas construções localizadas na orla, uma casa de festas próximo ao final e uma pequena mansão no final da praia, além de construções mais simples em seu interior.
Por este motivo as principais atrações do parque são as Praias de Abricó e Grumari, e algumas trilhas que levam a mirantes naturais e as praias selvagens, chamadas assim por não oferecem nenhuma estrutura e só permitirem acesso por trilhas ou pelo mar.
Por outro lado o parque abriga vários ecossistemas nos seus 805 hectares, como restinga nas áreas de baixada, Mata Atlântica nas encostas, áreas alagadiças, brejos e manguezal na foz do rio do Mundo, áreas que resistiram à interferência humana.
Por sua localização e para sua preservação o parque tem algumas particularidades:
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Francisco Alves Siqueira, em seu livro “Os Mistérios do Grumari” nos conta que o nome Grumari deriva da palavra Grumarim. Os índios tupis seguindo a orientação dos africanos, passaram a viver em casebres de taipa ou pau-a-pique. Para construí-los era necessário varas grossas, para assim segurar a massa de barro e proteger a casa dos vendavais oceânicos. Estas varas foram denominadas pelos índios de Grumarim, por serem duras, alinhadas e próprias para flechas. O local onde mais se colhia este arbusto era próximo a uma praia entre o Recreio dos Bandeirantes e Barra de Guaratiba. Por isso foi dado o nome de Grumari ao lugar, “cujo significado é purtácea, madeira amarela, pouco porosa, substituindo o buxo – serve para xilografia e bengala; aquilo que gera varíola ou urticária, coceira – sarna má”.
Grumari, em seus 951 hectares conta com apenas 136 moradores. Foi descoberto pelo “homem branco” no século XVIII, quando o maior fazendeiro da época – Francisco Caldeira de Alvarenga, filho de João Caldeira, assumiu o controle da região. Francisco deixou para os descendentes a Fazenda do Grumari Grande, uma extensão de 4.820.000 metros quadrados. Foi em meados do século XIX que o café e a mandioca imperaram na região. Após a decadência do café, grandes bananais foram plantados em toda Grumari.
A comunidade local sobrevivia da caça, da pesca e das lavouras de subsistência. Além de ser um povoado alegre e festeiro, onde danças típicas da época, como o Xote e a Mazurca, eram improvisadas. Porém, a ciranda e a batucada predominavam.
“A atividade no Grumari era tão intensa e controlada que a produção atingia níveis elevados de produtos colhidos e distribuídos entre os consumidores, tanto assim que num formal de partilha do inventário de Deolinda Maria de Santa Rita e João Caldeira de Alvarenga, processado em 1846, foram avaliados entre outras plantações 40 mil pés de café” (SIQUEIRA, Francisco Alves, Os Mistérios do Grumari).
“Tem-se conhecimento também que existiam mais de 40 fábricas de farinha de mandioca (farinha de roça como diziam), tudo feito pelo processo manual, usando roda, cocho, prensa, tipiti, forno, pá, rodo, etc.” (SIQUEIRA, Francisco Alves, Os Mistérios do Grumari).
A Praia de Grumari tem nas suas extremidades duas lagoas. A Lagoa do Canto e a Lagoa Feia.
Na Praia de Grumari, por ser mar aberto, formam-se ondas grandes, assim como na Prainha. Porém, é possível o embarque e desembarque de pequenas embarcações. Dentro de seus limites, localizam-se duas ilhas em frente à praia. A Ilha das Palmas (que possui enseada para abrigo de embarcações) e a das Peças. Todo o ecossistema de Restinga conservado na área de Grumari é considerado pelos estudiosos, um dos mais representativos de todo o Município do Rio de Janeiro.
O local hoje é incomparável ao de dois séculos atrás. Na segunda metade do século XIX, exatamente “em 1888 foi criada uma Escola Municipal e uma Agência de Correio e em 1895 já eram duas escolas, sendo que na Fazenda do Grumari Grande as aulas eram ministradas pela própria dona Mafalda Teixeira de Alvarenga” (SIQUEIRA, Francisco Alves, Os Mistérios do Grumari).
Nos anos de 1960, o êxodo rural deixou praticamente vazio o bairro de Grumari. As escolas deixaram de existir, obrigando as crianças e jovens do local a caminharem quilômetros para estudar, e são poucos os que ainda insistem em lá permanecer, apesar de todas as dificuldades.
Além das mortes provocadas pela Lagoa Feia, outros mistérios rondam a região. Muitos pescadores desapareciam quando iam pescar nas pedras do costão do Grumari, provavelmente caíam das pedras escorregadias.
Como já foi citado, Grumari significa coisa má. “Formou-se assim porque ali se colhia as varas com esse nome, e que muito castigaram escravos, além de ser o arbusto preferido pelos índios para as flechas de seus bodoques. Os nativos usaram das mesmas para construção das casas que já desapareceram” (SIQUEIRA, Francisco Alves, Os Mistérios do Grumari).
Grumari herdou a maldição de seu nome. A mata local também sofre com o descaso. Os arvoredos vêm desaparecendo aos poucos, dominados pelo capim colonião que cresce a cada dia. Ao atearem fogo na mata, o capim se alastra mais rapidamente.
Antigamente, os habitantes cultivavam nas terras, plantavam e colhiam seu sustento, o que consequentemente impedia o domínio do capim. Parece que agora, os órgãos ambientais estão querendo reflorestar a região e permitir que moradores locais voltem a trabalhar a terra. Após a cana-de-açúcar, o café e a laranja, o Grumari passou a produzir exclusivamente banana.
Se seguirmos a Avenida Estado da Guanabara e subirmos a Estrada do Grumari – uma via muito sinuosa e estreita, alcançaremos a Estrada da Barra de Guaratiba e o bairro de mesmo nome. Na encosta da Estrada do Grumari existem trilhas usadas para caminhadas. Porém, o melhor acesso é feito por Barra de Guaratiba.
Grumari reserva lindíssimas paisagens. A vegetação de restinga, densa e espinhosa, lembra o agreste. O mar bravio e as areias muito brancas complementam o visual. Grumari é um paraíso que atrai muitos visitantes todos os fins de semana. É necessário porém, conscientizá-los da importância da preservação do meio ambiente, além de continuar limitando a entrada de visitantes, pois a capacidade de carga do local é baixa e o bairro não tem infraestrutura suficiente para suportar um grande número de turistas.
Fonte: www.parquepedrabranca.com