Os Franciscanos chegaram ao Brasil com Pedro Álvares Cabral. Eram oito e seu superior, Frei Henrique Soares de Coimbra, celebrou a Primeira Missa em terras brasileiras. Desde então, os Franciscanos são a única Ordem que jamais deixou o Brasil. Os primeiros Frades chegaram ao Rio de Janeiro em 1592 e se domiciliaram numa ermida perto da Praia de Santa Luzia. De lá passaram ao Morro de Santo Antônio (assim chamado, porque nele havia uma capelinha dedicada ao Santo). A pedra fundamental do convento e da igreja foi posta no dia 4 de junho de 1608, na presença de todas as autoridades e de “grande multidão de povo”. A entrada dos Frades no novo Convento se deu no dia 7 de fevereiro de 1615. Esse convento, de um só piso, foi-se tornando insuficientes pelo número de Frades. Em 1748, foi substituído pelo atual, terminado em 1780.
As obras da Igreja se estenderam até 1620. Para poder nela se celebrar a Missa foi posto um telhado provisório, sobre esteios. O retábulo mor é dedicado a Santo Antônio. Os laterais, um é dedicado à Imaculada Conceição e outro a São Francisco de Assis. Tudo em estilo barroco sóbrio. A capela mor está ornada por 16 pinturas, que contam fatos da vida de Santo Antônio. A igreja passou por vários restauros, alguns infelizes.
O teto, por exemplo, era em forma de caixão. Na reforma de 1920/1926, recebeu forma abaulada, que permanece até hoje. As paredes e o piso abrigavam sepulturas, que foram todas retiradas. Na capela lateral, dedicada a Nossa Senhora dos Anjos, se encontram os ossos de Frei Fabiano de Cristo.
À direita de quem entra, recentemente restaurada, temos a Capela primitiva da Ordem Terceira da Penitência, separada por uma grade de ferro. Os azulejos da nave foram várias vezes trocados. Ainda se encontra na igreja o púlpito em que pregaram os maiores oradores sacros do Rio nos séculos passados, mas sem serventia e deslocado de seu lugar original.
O Convento de Santo Antônio teve papel fundamental na Independência do Brasil. O grande mentor político de Dom Pedro foi Frei Sampaio, com quem o príncipe se aconselhava quase diariamente. Na cela de Frei Sampaio se agrupavam os próceres da Independência. Foi Frei Sampaio quem escreveu o discurso do Fico.
Dom João VI era particularmente devoto de São Francisco de Assis, uma herança, aliás, de toda a Casa de Bragança. Quando Dom João VI subiu ao trono fez voto de assistir todos os anos, no dia 4 de outubro, a Missa solene em honra de São Francisco. Sabe-se que ele foi fiel à promessa, como também fiéis foram Dom Pedro I e Dom Pedro II. Enquanto viveram no Rio, era no Convento Santo Antônio que cumpriam o voto.
O Convento ainda possui um Mausoléu Imperial, construído em 1937, que abriga os restos mortais da primeira Imperatriz do Brasil Dona Leopoldina, falecida em 1826, e onde estão sepultados Dom João Carlos Borromeu e Dona Paula Mariana, filhos de Dom Pedro I e Dona Leopoldina; Dom Antônio Afonso e Dom Afonso, filhos de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina; e Luísa Vitória filha da Princesa Isabel, que nasceu morta.
Missas:
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O CLAUSTRO E SUAS CAPELAS
Em torno do grande claustro havia sete capelas internas. Delas existem hoje cinco: a de Nossa Senhora das Dores, com belíssimo retábulo de sete pinturas com as sete dores de Maria; a de Nossa Senhora da Consolação; a do nascimento de São Francisco, com grupo escultórico religioso em barro cozido; a da morte de São Francisco, também com um belo grupo escultórico em terracota; a de São Joaquim, em cujo nicho há uma pintura representando o Morro Dois Irmãos, vista do Arpoador.
Desapareceram as Capelas da Sagrada Família e do Bom Jesus. Ainda no claustro encontramos um Crucificado grande, diante do qual se faziam as encomendações dos corpos dos Frades, que eram sepultados no chão do corredor.
No primeiro andar existe a Capela dos Três Corações, também conhecida como Capela das Relíquias, porque nela se conservam muitos relicários e incrustações de relíquias de santos e mártires. Em estilo barroco, com azulejos.
SALA CAPITULAR – UNIVERSIDADE
No térreo encontra-se espaçosa sala, chamada Sala do Capítulo, onde, atualmente os religiosos atendem as Confissões. O teto canta os louvores da Senhora Sant’Ana. Nas paredes vemos quadros que representam Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Jerônimo, São Boaventura, Santo Tomás de Aquino, São Gregório Magno, Santa Cecília e Santa Margarida.
Nesse salão era dadas as aulas, quando, no dia 11 de junho de 1776, foi instituída no Convento a Universidade, com 13 cadeiras. Da Universidade temos notícias até 1820. Os excelentes professores prestaram muitos serviços também à Corte de Dom João VI e muitos deles participaram intensamente dos conchavos para a Independência do Brasil. Precioso crucifixo, com dossel e duas pinturas (a Virgem dolorosa e João Evangelista) presidem o fundo do salão, visto da atual porta de entrada.
REFEITÓRIO E CÁRCERE
Ainda no andar térreo temos o refeitório, de 25,15 por 6,26 metros. Ainda podemos ver a escada que conduzia ao púlpito de onde eram feitas as leituras durante as refeições dos Frades. À esquerda de quem entra pendem cinco grandes pinturas a óleo sobre tela ou sobre madeira.
Representam Santo Antônio e Nossa Senhora da Glória, o Bem-aventurado Duns Scotus e a Imaculada, a Santa Ceia; a exaltação da Imaculada e sua nomeação para Rainha de Portugal, São José e Santo Antônio. São todos de autores desconhecidos. Desapareceram do refeitório primitivo as lages que cobriam o piso e os azulejos das paredes, que representavam cenas de caça. O refeitório dá acesso ao antigo cárcere, que tinha duas serventias: uma para castigar os Frades ou Padres delinquentes condenados pela justiça; outra, para a penitência de Frades que quisessem passar a Quaresma (ou outro tempo) a pão e água.
AQUEDUTO E PRIMITIVO POÇO
No lado sul do Convento (que olha para a Av. Chile) temos ainda os últimos 15 ou 20 metros do antigo aqueduto, que vinha de Santa Teresa, passando pelos Arcos da Lapa, pelo Morro de Santo Antônio e despejava a água no Largo da Carioca, onde a iam buscar os moradores e onde as mulheres lavavam a roupa.
O aqueduto está soterrado, evidentemente seco, e dá passagem fácil a um homem em pé. No lado norte, no pequeno claustro do Mausoléu, temos um poço, ainda hoje de água límpida, mas não mais usada, que estava em uso já em 1697. Tem oito metros de fundo e seis de diâmetro e está todo revestido de cantaria. Deste poço tirava água Frei Fabiano de Cristo com sua famosa moringa e com ela curava os doentes ou lhes aliviava as dores. O Convento se servia de três poços. Os outros dois foram aterrados há mais de cem anos.
MAUSOLÉU IMPERIAL
O Mausoléu é de construção recente. Data de 1937 e à sua inauguração compareceu em caráter oficial Dona Darcy Vargas. Aqui encontraram abrigo os restos mortais da primeira Imperatriz do Brasil Dona Leopoldina, falecida em 1826 e sepultada no Convento da Ajuda, onde permaneceu até 1911.
No Convento de Santo Antônio ficaram seus restos até 1954, quando foram transladados para o Monumento do Ipiranga, em São Paulo. No Mausoléu estão sepultados Dom João Carlos Borromeu e Dona Paula Mariana, filhos de Dom Pedro I e Dona Leopoldina; Dom Antônio Afonso e Dom Afonso, filhos de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina; e Luísa Vitória filha da Princesa Isabel, que nasceu morta. Desde 1982 repousam também, vindos de Portugal, os restos mortais da princesa Dona Maria Amélia, filha de Pedro I e Dona Amélia Augusta. O Mausoléu abriga também o ossário dos Frades.
SANTOS NO CONVENTO
A história do Convento Santo Antônio enumera uma série de Frades que no Convento viveram e gozaram já em vida fama de santidade. Citemos em primeiro lugar Santo Frei Galvão, canonizado pelo Papa Bento XVI em São Paulo, no dia 11 de maio de 2007. Frei Galvão morou no Convento na segunda metade de 1761 e primeira metade de 1762, sendo ordenado padre na igreja de Santo Antônio, no dia 11 de julho de 1762.
Encontrava-se no Convento de Santo Antônio, em 1802, quando se deu com ele o conhecido milagre da bilocação, estando ao mesmo tempo no Rio e em São Paulo. Frei Fabiano de Cristo, falecido no dia 17 de outubro de 1747. A cidade inteira, com todas as autoridades, incluídos bispo e governador, se deslocaram para seu sepultamento. Seus ossos se encontram na igreja, sob o altar de Nossa Senhora dos Anjos e são visitados diariamente por dezenas de pessoas chegadas de todo o Brasil. Enumeremos ainda Frei Cosme, que percorreu a pé do Maranhão ao Rio, catequizando índios, Frei Estevão de Jesus, Frei Rogério Neuhaus, Frei Januário Bauer e outros.
CELEBRIDADES NO CONVENTO
Entre os Frades que viveram no Convento de Santo Antônio e se tornaram celebridades, podemos citar Frei Vicente do Salvador, o primeiro superior, considerado o pai da Historiografia brasileira; Frei Mariano da Conceição Veloso, primo irmão por parte de mãe de Tiradentes, autor da “Flora Fluminense”, chamado pai da Botânica brasileira; Frei Francisco Solano Benjamim, que desenhou mil estampas de plantas classificadas por Frei Veloso; Frei Tomás Borgmeier, considerado um dos maiores entomólogos do século passado, com mais de cinco mil páginas científicas escritas; Frei Damião Berge, autor do livro “O Logos Heraclítico”. No campo da oratória são famosos Frei Francisco de São Carlos, Frei Francisco Sampaio e Frei Francisco Monte Alverne. Este último considerado o maior orador sacro nascido no Brasil. No campo da música religiosa destacou-se Frei Pedro Sinzig, conhecido em todo o Brasil por seu manual de cantos “Cecília”.
O CONVENTO: ÚTERO DA INDEPENDÊNCIA
O Convento de Santo Antônio teve papel fundamental na Independência do Brasil. O grande mentor político de Dom Pedro foi Frei Sampaio, com quem o príncipe se aconselhava quase diariamente. Na cela de Frei Sampaio se agrupavam os próceres da Independência. O Convento já foi chamado por historiadores de “útero da independência”. Foi Frei Sampaio quem escreveu o discurso do Fico. Ainda hoje se conserva a mesa da cela de Frei Sampaio, na qual terá escrito não só o discurso do Fico, mas também todo o esboço da primeira constituição do império brasileiro.
No Convento morou Frei Antônio da Arrábida, que veio com Família real e era o mestre de Dom Pedro e preferiu ficar no Brasil com Dom Pedro a voltar a Portugal. Feita a independência, naturalizou-se brasileiro e continuou muito perto do Imperador, que o nomeou preceptor de suas duas filhas e o indicou para bispo coadjutor do Rio de Janeiro.
DOM JOÃO VI NO CONVENTO
Dom João VI era particularmente devoto de São Francisco de Assis, uma herança, aliás, de toda a Casa de Bragança. Quando Dom João VI subiu ao trono fez voto de assistir todos os anos, no dia 4 de outubro, a Missa solene em honra de São Francisco. Sabe-se que ele foi fiel à promessa, como também fiéis foram Dom Pedro I e Dom Pedro II.
Enquanto viveram no Rio, era no Convento Santo Antônio que cumpriam o voto. Dom João VI costumava, na festa de São Francisco, vir em carro de gala de São Cristóvão, acompanhado da corte e demais fidalgos e um esquadrão de cavalaria. Enquanto subia a ladeira do Convento, bimbalhavam os sinos e o povo aclamava o Príncipe Regente.
Era recebido na portaria pela comunidade dos Frades. Costumava passar todo o dia de São Francisco no Convento, participando da refeição dos Frades. Dizem as crônicas que ele se servia dos talheres dos Frades.
O ÓRGÃO DA IGREJA SANTO ANTÔNIO
O antigo órgão, de 1750, de estilo barroco e considerado dos melhores do Rio de Janeiro, foi substituído, em 1932 pelo atual. Fabricado in loco por três técnicos alemães, é um órgão elétrico (a eletricidade entrou na igreja em 1911). Os tubos estão distribuídos nas paredes laterais da nave da igreja em caixas de estilo barroco, desenhadas e fabricadas na marcenaria do convento.
Do antigo órgão foram aproveitados os seis anjos que ornam as caixas. No coro do órgão, encontram-se as estalas (bancos) em madeira em que se acomodavam os Frades para a Oração coral. Mas não são as originais. As atuais foram fabricadas na marcenaria do Convento em 1923. No centro podemos admirar grande estante de leitura, chamada facistol, inaugurada em 1706 e restaurada em 2006.
O coro passou por diversas reformas até chegar a atual. No peitoril do coro, que olha para a nave, podemos ver o busto de 18 mártires japoneses. Não se sabe desde quando lá estão.
A BELÍSSIMA SACRISTIA
Excepcionalmente bonita é a sacristia. Seu pavimento é embutido com mármore português de diversas cores e lindos desenhos simétricos. A barra é revestida com painéis de azulejos portugueses e contam milagres de Santo Antônio. O forro é dividido por molduras que contornam pinturas marianas relacionadas a Santo Antônio. Forro, azulejos e piso são ainda os originais. O forro está sendo restaurado pela primeira vez em 2007. A grande peça artística que chama muita atenção é o arcaz feito de jacarandá, inaugurado em 1745.
De cada lado do arcaz existem portas de comunicação com a sala do lavabo. O lavabo é trabalhado em mármore português: sobre um pedestal repousa uma bacia em forma de concha. No centro dela ergue-se uma coluna, em cujos quatro lados golfinhos seguram torneiras na boca, e no topo dela pousa uma escultura feminina, provavelmente representando a Pureza.
IMAGENS DE SANTO ANTÔNIO
A primeira imagem de Santo Antônio que esteve no retábulo maior encontra-se hoje no frontispício do convento. Sobre ela existe a lenda de que, tendo um frade esculpido o corpo, não conseguia acertar a cabeça, que teria sido esculpida por um pedinte, em poucos minutos, enquanto o Frade fora buscar para ele um prato de comida.
O fato é que a cabeça é separada do corpo. Foi esta a estátua que presidiu o exército na expulsão dos franceses em 1710. Em gratidão do povo, ela foi parar no frontispício da igreja e recebeu uma lâmpada votiva até hoje acesa. Todos os anos o Menino recebe uma veste nova.
Foi esta estátua do Santo que foi condecorada várias vezes pelas autoridades e recebeu soldo do exército até 1911. Ela é de terracota. A atual imagem do altar-mor, também de barro cozido, bem maior que a primeira, mostra o Santo descalço, sustentando o livro, o Menino, a cruz e o galho de lírios. Ela deve ter sido posta lá entre 1707 e 1710.
A DECADÊNCIA DO CONVENTO
Em 1796 moravam no Convento Santo Antônio 88 Frades, com um leque imenso de atividades que iam do atendimento local às missões pelo então chamado Recôncavo, atual Baixada Fluminense; que ia do atendimento aos hospitais à assistência em fortalezas e navios; que ia das pregações ao atendimento às muitas Ordens Terceiras em Minas Gerais.
Uma série de circunstância ocasionou a decadência do Convento, sendo a maior a portaria do governo imperial de 19 de março de 1855, proibindo a entrada de noviços em todas as Ordens religiosas.
Em 1878 tínhamos um único franciscano no Convento, aliás, em toda a Província da Imaculada Conceição, que abrangia o Brasil da Bahia para baixo. Com a vinda da República e a separação entre Igreja e Estado, os Franciscanos alemães vieram restaurar as duas Províncias brasileiras, uma com sede em Salvador da Bahia e a outra com sede justamente no Convento de Santo Antônio. Recomeça então uma história nova, uma verdadeira primavera que se prolonga até os dias de hoje.
TENTATIVA DE SEQUESTRO DO CONVENTO
Com o esvaziamento do Convento, ele foi sendo povoado por outra gente estranha à Ordem. Em 1854 foi instalado no Convento o Arquivo Público, que permaneceu até 1872. Em 1855, o Ministério da Justiça ocupou várias salas para nelas instalar o Júri. Em 1885, aquartelou-se no Convento o Sétimo Batalhão de Intendência, ocupando boa parte do Convento.
Este batalhão permaneceu no Convento até 1901. Muitas celas foram ocupadas por escritórios de advocacia. No dia 4 de setembro de 1911, sem prévio aviso, o segundo Procurador da República e o Diretor do Patrimônio Nacional tentaram despejar os frades e sequestrar o Convento. Deram aos frades 24 horas para se retirarem. O povo cercou o Convento para segurar e proteger os frades. O Procurador tentou, então, a via judiciária, mas perdeu o processo e foi condenado a pagar as custas. Ainda recorreu ao Supremo, que lhe negou por unanimidade o provimento.
O MORRO DE SANTO ANTÔNIO
No início era vasto o Morro de Santo Antônio, que os Frades receberam do governador Martim Afonso de Sá “com todas as pedreiras e águas, assim de poças como de fontes, que nele se acharem”. De fato, o convento e a igreja foram construídos com pedras do próprio morro. Nele havia ao menos três fartas fontes de água.
A primeira cessão de terra foi à Ordem Terceira da Penitência, fundada pelos Frades para os leigos que quisessem viver no século o carisma franciscano. No terreno doado, eles construíram a atual Igreja de São Francisco, um hospital e outras benfeitorias.
Grande parte do morro foi vendida em 1852, não só para saldar dívidas do convento, mas também por força de invasões, já que a cidade crescia para todos os lados. Mas o histórico desmonte começou em 1948. Com a terra retirada se fez o aterro da Praia do Flamengo, inaugurado em 1955 com o Congresso Eucarístico Internacional.
A BIBLIOTECA DO CONVENTO
Não se pode pensar um Convento prenhe de história sem uma grande e rica biblioteca. Ela existe, mas necessitada de organização.
Mudou várias vezes de lugar no interior do Convento. Os livros anteriores a 1900, que escaparam dos interesses dos ocupantes do Convento, foram parar em biblioteca especial na Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. O Convento conserva o catálogo daquelas obras.
A biblioteca, a partir de 1900, recebeu muitas obras em alemão, sobretudo de filosofia, história universal, teologia e revistas de cunho científico. Há uma inteira estante especializada em Música gregoriana e música sacra em geral. Como no Convento moraram Frades cientistas, Frades professores de literatura clássica, seus livros foram parar na biblioteca.
Como os Frades alemães que restauram a vida franciscana no Convento tinham em seus estatutos a obrigação de dedicar anualmente uma boa soma à biblioteca, ela é rica, eclética, multilíngue.
O FICO NO CONVENTO
Quando no dia 21 de abril de 1821, D. João VI embarcou de retorno a Portugal, deixou seu filho D. Pedro como Regente do Brasil. Os políticos que queriam pela independência aproveitaram a circunstância para incentivar a campanha.
Papel importante coube a Frei Francisco de Santa Teresa de Jesus Sampaio, com quem D. Pedro mantinha amizade e o visitava freqüentemente em sua cela, onde também os políticos se reuniam para estudar e planejar as normas a seguir. Quando em 1821 D. Pedro hesitava entre obedecer às Cortes de Portugal e voltar ao país ou permanecer no Brasil, Frei Sampaio não poupou esforços para convencê-lo a ficar.
Elaborou o célebre manifesto do povo que aos 9 de janeiro de 1822 o levou em grande passeata cívica até ao Palácio, pedindo que permanecesse no Brasil. Depois de lê-lo, D. Pedro dirigiu-se a José Clemente e proferiu a histórica frase:“Como é para o bem de todos e a felicidade geral da nação, diga ao povo que eu fico”. Os franciscanos não tiveram dúvidas em dar plena adesão à Independência.
O Provincial Frei Antônio de São José Mariano, brasileiro, nascido no Rio de janeiro, mandou carta circular a todos os conventos, mandando celebrar públicas e solenes ações de graças e na sagração do Imperador compareceu entre os dignitários para prestar o juramento de fidelidade.
Frei Sampaio, que nesta solenidade fez o sermão, continuou a prestigiar o Imperador, apoiou plenamente a sua ideia de fundar um Império Constitucional e apresentou-lhe um projeto de Constituição.
Fonte: www.conventosantoantonio.org.br